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terça-feira, 23 de junho de 2015
As vítimas não são números, são pessoas. ONU acusa Israel e Palestina de crimes de guerra.
Um relatório
das Nações Unidas conclui que tanto os grupos da Palestina como Israel
cometeram crimes de guerra. Em 50 dias, o conflito na Faixa de Gaza, no
verão do ano passado, deixou quase três mil mortos, A maior parte das vítimas foram mulheres
e crianças
"Todos morremos naquele dia. Mesmo os que
sobreviveram", conta um membro da família Al Najjar. A 26 de julho do ano
passado, a casa da família foi atacada, em Khan Younis, na Faixa de Gaza.
Morreram 19 pessoas. "Acordei no hospital e mais tarde soube que a minha
irmã, mãe e os meus filhos tinham morrido todos", conta o sobrevivente.
Esta é apenas uma de muitas histórias. Há, pelo
menos, mais 142 famílias que perderam três ou mais membros durante o verão de
2014. Os dados foram revelados esta segunda-feira pela Comissão de Inquérito
Independente das Nações Unidas sobre o conflito de Gaza que "reuniu
informação substancial que aponta para possíveis crimes de guerra dos grupos
armados de Israel e Palestina".
Os dados agora divulgados são referentes aos 50
dias de confrontos estre Israel e a Palestina no verão de 2014. Em agosto foi
acordado o cessar-fogo, depois de um período de conflito intenso. Quase um ano
mais tarde surgem os números, assustadores, demasiado elevados.
"A extensão da devastação e sofrimento humano
em Gaza não tem precedentes e vai ter impacto nas gerações futuras. Temos de
nos lembrar que as vítimas não são apenas números... são pessoas", diz a
presidente da comissão, Mary McGowan Davis.
Entre julho e agosto de 2014 morreram 2251
palestinianos - dos quais 1462 eram civis - e 73 israelitas - entre eles
seis civis. Mulheres e crianças foram as mais atingidas.
Comissão preocupada
No relatório, a culpa é atribuída a
ambos os lados do conflito. Seis mil ataques aéreos e cerca de 50 mil granadas
foram lançadas por Israel. Do lado palestiniano, foram disparados perto de
cinco mil mísseis e quase dois mil morteiros.
"A comissão está preocupada que a impunidade
prevaleça apesar das violações da lei humanitária internacional e das leis dos
direitos humanos cometidas por Israel", lê-se no relatório. Mas a
Palestina também tem culpas no cartório. No caso dos grupos armados
palestinianos, as acusações estão essencialmente relacionadas com a prática de
matar os suspeitos de colaborarem com Israel.
A comissão acusa os grupos armados de uso excessivo
de armas, que "apesar de não serem legais, foram usadas em áreas
densamente povoadas, onde a probabilidade de matar combatentes e civis
indiscriminadamente é muito grande".
Sensação de medo e
ameaça constante
As populações vivem "numa sensação
constante de medo" e "estão sob ameaça regular", denunciam as
Nações Unidas.
O relatório da Comissão de Inquérito Independente
das Nações Unidas sobre o conflito de Gaza só será apresentado formalmente na
próxima segunda-feira, em Genebra, na Suíça, e apela a que os dois lados do
conflito cooperem com o Tribunal Penal Internacional.
Entretanto, Israel já classificou este relatório de
"moralmente falhado" e "altamente tendencioso", avança a
Al-Jazeera. Da Palestina também chegam críticas do Hamas, que acusa a ONU de
estar a fazer um balanço errado do número de mortos e de feridos.
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