terça-feira, 7 de julho de 2015

Missa tradicional ou Missa Nova?

“A Missa tradicional é voltada para a adoração a Deus, o princípio e o fim do Sacrifício, diante do qual todos os homens se humilham e descem dos seus pedestais. Para Deus se há de dar o melhor: a melhor arte, os melhores paramentos, as melhores intenções, a maior preocupação em fazer tudo para dar a ele um sacrifício o mais digno de sua glória possível, dentro da capacidade humana.”
Contra eles, costuma-se dar três objeções:
1ª - A Missa Nova na verdade é a mesma Missa de sempre. Não há portanto razão para recusá-la;

2ª - O Papa mandou explicitamente a Missa Nova. Ora, os fiéis devem obedecer ao Papa, mesmo quando não fale ex-cathedra;

3ª - O Papa, apesar de não usar neste caso a sua infalibilidade, não poderia errar em matéria tão grave.

RESPOSTAS
1ª Objeção: A Missa Nova é a mesma Missa de sempre.
É melhor deixar responder a isto o próprio Mons. Aníbal Bugnini, então secretário da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, o grande mentor da Missa Nova: “Não se trata apenas de retoques numa obra de grande valor, mas às vezes é preciso dar estruturas novas a ritos inteiros. Trata-se de uma restauração fundamental, eu diria quase umamudança total e, para certos pontos, de uma verdadeira nova criação.” (Doc. Cat. n.º 1493, 7/5/1967). Por estas palavras se vê que a Missa Nova já não é a mesma Missa de sempre. Aliás, se é a mesma coisa, então por que criticar e até perseguir os que querem ser fiéis à Missa tradicional?

2ª Objeção: O Papa mandou explicitamente a Missa Nova.
Antes de responder, gostaria de fazer quatro perguntas a quem fizesse essa objeção:
a) Um Papa pode entrar em desacordo com a Tradição?
b) Se um Papa estiver em desacordo com a Tradição, a quem devemos seguir, ao Papa ou à Tradição?
c) Um Papa pode terminar favorecendo uma heresia?
d) Se o Papa favorece a heresia, neste caso o que se deve fazer: obedecer ao Papa e favorecer a heresia ou conservar a Fé intacta? Existem graves razões de Fé para não se aceitar a Missa Nova.
A Igreja condenou os erros protestantes. Definiu, com infalibilidade, dogmas de Fé sobre a presença real de Jesus Cristo na Santíssima Eucaristia, sobre o Sacerdócio Hierárquico distinto do dos simples fiéis, sobre o Santo Sacrifício da Missa.
O Sacrossanto Concílio de Trento condenou aqueles que dizem que Missa deve ser celebrada só em vernáculo (no caso do Brasil, em português): “Ainda que a Missa contenha um grande ensinamento para o povo fiel, todavia não pareceu bom aos Padres do Concílio que ela seja celebrada em língua vulgar […] o Santo Concílio ordena aos pastores e a todos aqueles que têm cura de almas a darem explicações frequentemente, durante a celebração das Missas, por si próprios ou por meio de outros, à partir dos textos lidos na Missa e, dentre outros, esclarecer o mistério desse sacrifício, sobretudo nos domingos e dias de festa” (Concílio de Trento, sessão XXII, cap. 8) O Concílio de Trento e o Papa Pio VII reprovaram os que querem que a Congregação seja em voz alta
O Papa Pio XII reprovou o altar em forma de mesa: “Separar o Tabernáculo do Altar é equivalente a separar duas coisas, as quais, por sua verdadeira natureza, devem permanecer juntas” (Alocução do Congresso Litúrgico Internacional- Assis-Roma, setembro 18-23,1956) Ora, na Missa Nova, os eros que a Igreja nos ensinou a reprovar agora são tidos como certos e aprovados. E mais: os dogmas de fé acima citados, não são mais tão explícitos como são na Missa tradicional, e isso é tão evidente que os protestantes, que jamais toleraram a Missa tradicional (Lutero, mesmo, a chamava de abominável e sacrílega), afirmaram que, com a Missa Nova, teologicamente é possível que eles celebrem a sua ceia com as mesmas orações da liturgia reformada da Igreja Católica (cf. Max Thurian, La Croix, 30/5/1969). Não é sintomático?! Será que podemos conservar a fé e agradar a Deus, oferecendo-lhe um culto assim, ambíguo, que agrada também aos Seus inimigos, e fazer deste culto o centro de nossa vida, como deve ser a Santa Missa?
Pode uma autoridade, por suprema que seja, nos impor algo que é contra a nossa Fé e que é ofensivo a Deus, Nosso Senhor?
Eis o dilema para todo bom católico: ou sacrificar a Fé e a Tradição em nome da obediência, ou manter-se firme na Fé e na Tradição, obedecendo ao que foi sempre ensinado pela Santa Igreja, e por isso ser taxado de rebelde e de desobediente!
São Paulo já nos advertiu: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do Céu vos anuncie um Evangelho diferente daquele que vos tenho anunciado, seja anátema.” (Gal. 1,8) Não se trata de desobediência ou de rebeldia. Trata-se de fidelidade e lealdade à Fé do nosso Batismo, e, portanto, à cátedra de Pedro e à Santa Igreja. Pode-se cair em heresia ou favorecer a ela por palavras ou por atos. E os hereges sempre procuraram manifestar na liturgia os seus erros. Assim, por exemplo, no tempo da heresia monofisita, que negava as duas naturezas em Jesus Cristo, os hereges, quando celebravam a Missa, não colocavam a gota de água no vinho no ofertório, porque isto significa também a natureza humana de Cristo unida à natureza divina. Se um padre, naquela época, celebrasse a Missa assim, estaria fazendo, por este simples gesto, uma profissão de fé herética, terrivelmente ofensiva a Deus. E nenhuma autoridade poderia obrigá-lo a tal, porque era uma questão de fé. 
O Papa Leão XIII afirmou em sua encíclica Satis Cognitum: “Nada poderia ser mais perigoso que estes hereges que, conservando em tudo o mais a integridade da doutrina, por uma só palavra, como por uma só gota de veneno, corrompem a pureza e a simplicidade da Fé que nósrecebemos da Tradição de Nosso Senhor e, depois, dos Apóstolos.” A obediência é uma virtude moral, inferior à Fé, que é uma virtude teologal. A obediência está condicionada à Fé. A Fé não tem limites. A obediência os tem. Obedecer é fazer a vontade de Deus, expressa na vontade dos superiores representantes de Deus. Mas se a ordem dos superiores se revela em contradição com a vontade de Deus, então vale aplicar a frase de São Pedro: “É preciso obedecer a Deus antes que aos homens” (Atos, 5,29). Assim, o quarto Mandamento manda ao filho obedecer aos pais. Mas se o pai lhe manda algo contra a vontade de Deus, o filho não deve fazer o que o pai lhe ordena, e peca se o fizer.

3ª Objeção: O Papa, apesar de não empenhar neste caso a sua infalibilidade, não poderia errar em matéria tão grave.
Os que afirmam que o Papa, fora do campo da infalibilidade, não pode errar, apesar de ser matéria muito grave, estão afirmando mais do que o próprio Concílio Vaticano I afirmou, mais do que o Papa Pio IX definiu. Estão querendo, segundo disse alguém, saber mais do que o Papa, ser mais católicos que o Papa. Pois se o Concílio definiu os contornos dentro dos quais não há possibilidade de erro, querer ampliar por conta própria estes contornos, é querer saber mais do que o Papa e a Igreja.
Aliás, isso seria contraditório com a história da Igreja. 
Por exemplo, o Papa Honório I, em matéria muito grave e que interessava à Igreja toda, pois era uma decisão em assunto de heresia, ao dar uma ordem, falhou e foi anatematizado por um Papa posterior, porque favoreceu a heresia.
Portanto, nas coisas em que o Papa não é infalível, ele normalmente não erra, mas pode errar. Qual é o critério que nos ilumina sempre: a Tradição. O que for de acordo com a Tradição da Igreja é certo. O que não for é falso. Foi por esta razão que o Papa Honório foi anatematizado. Eis as palavras de São Leão II, Papa: “Anatematizamos Honório, que não ilustrou esta Igreja Apostólica com a doutrina daTradição apostólica, mas permitiu, por uma traição sacrílega, que fosse maculada a Fé imaculada [...] da Tradição apostólica, que recebera de seus predecessores“. “[...] Não extinguiu, como convinha à sua Autoridade Apostólica, a chama incipiente da heresia, mas afomentou por sua negligência“ (Denz-Sch. 563 e 561).
Do mesmo modo o VI Concílio Ecumênico rejeitou de modo absoluto e execrou como nocivas às almas (sic) as cartas do Papa Honório, por ter “verificado estarem elas em inteiro desacordo” com a Tradição. Eis porque o Concílio Vaticano I definiu: “O Espírito Santo não foi prometido aos sucessores de São Pedro para que estes, sob a revelação do mesmo, pregassem uma nova doutrina, mas para que, com sua assistência, conservassem santamente e expusessem fielmente o depósito da Fé, ou seja, a revelação herdada dos Apóstolos“. (D. 3070).
“Virgem Mãe de Deus, Maria,
Que sozinha destruístes todas as heresias no mundo inteiro,
Rogai pelo povo, intercedei pelo clero.”
Padre Fernando Arêas Rifan
Ex-diretor do Ensino Religioso
Campos-RJ

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